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Foto do escritorAndréia Lopes

Atualizado: 9 de out. de 2021


Perdida!

Veloz, qual flecha impelida O meu cavalo corria… Eu tinha a febre da raiva, Abrasava-me a agonia, E o cavalo generoso O meu ódio concebia.

Os precipícios transpunha Sem as rédeas sofrear! Longe, ao longe eu ansiava Este horizonte alargar; Procurava mundos novos, Faltava-me ali o ar.

E, de relance, deviso Linda flor em ermo Val, Mal aberta, e aljofrada Pelo orvalho matinal, Reacendendo solitária Seu perfume virginal.

Nenhum homem lhe tocara, Nem talvez a vira ali! Tive orgulho de encontrá-la, Que outra mais bela não vi. Mas o ímpeto indomável Do cavalo não venci.

E perdi-a! Não me lembro Onde vi tão linda flor! Sei que lá me fica a alma Como um feudo pago à dor. Outros lábios viral dar-lhe Férvido beijo d’amor.


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Foto do escritorAndréia Lopes

Atualizado: 10 de out. de 2021


O escritor português Almeida Garrett ganhou uma série biográfica, em 1999, produzida por Francisco Manson. Almeida Garrett é uma minissérie inspirada na vida do precursor do movimento romantismo em Portugal. Narra sua infância e juventude, bem como remonta a época mais efervescente de sua criação artística. A minissérie narra seus ideais políticos e confrontos ideológicos, que levam à sua prisão e exílio. A produção cinematográfica também destaca as suas peripécias amorosas e o seu casamento com Luisa Midosi.


Confira a minissérie aqui!


O legal de ver uma série é saber a fofoquinha que tem por trás da história, né minha filha? Pensando nisso, buscamos uma fofoca para te edificar!



Afirma-se que Luisa Midosi e Almeida Garrett se casaram quando ela tinha apenas treze ou catorze anos. Seis anos depois, tiveram o seu primeiro filho, que não sobreviveu e três anos após essa perda, houve outra. Em 1839, o casal rompe a relação e o matrimônio chega ao fim. Um ano após o término, Garrett se envolve com Adelaide Deville, com quem mais tarde tem dois filhos, que também não resistem e depois de poucos dias falecem. Já em 1841, o casal concebe uma menina à qual nomeiam Maria Adelaide. A mãe da criança tem complicações do parto e não resiste. Adelaide Deville falece com apenas 22 anos de idade.


E aí?! Tá passada?



Referências


RTP. Almeida Garrett, a minissérie. In Rádio e Televisão de Portugal. Disponível em: <https://www.rtp.pt/programa/episodios/tv/p8856>. Acesso em: 09 out. 2021.


CABRITA, João. Falando de... A filha de Almeida Garrett. In Jornal do Nordeste. Disponível em: <https://www.jornalnordeste.com/opiniao/falando-de-filha-de-almeida-garrett>. Acesso em: 09 out. 2021.

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Foto do escritorAndréia Lopes

Atualizado: 9 de out. de 2021


Photo by Photo by Benjamin Voros on Unsplash

Deus

Nas horas do silêncio, à meia-noite, Eu louvarei o Eterno! Ouçam-me a terra, e os mares rugidores, E os abismos do inferno. Pela amplidão dos céus meus cantos soem E a Lua prateada Pare no giro seu, enquanto pulso Esta harpa a Deus sagrada. Antes de tempo haver, quando o infinito Media a eternidade, E só do vácuo as solidões enchia De Deus a imensidade, Ele existia, em sua essência envolto, E fora dele o nada: No seio do Criador a vida do homem Estava ainda guardada: Ainda então do mundo os fundamentos Na mente se escondiam Do Onipotente, e os astros fulgurantes Nos céus não se volviam. Eis o Tempo, o Universo, o Movimento Das mãos sai do Senhor: Surge o Sol, banha a terra, e desabrocha Sua primeira flor: Sobre o invisível eixo range o globo: O vento o bosque ondeia: Retumba ao longe o mar: da vida a força A natureza anseia! Quem, dignamente, ó Deus, há de louvar-te Ou cantar teu poder? Quem dirá de teu braço as maravilhas, Fonte de todo o ser, No dia da criação; quando os tesouros Da neve amontoaste; Quando da terra nos mais fundos vales As águas encerraste?! E eu onde estava, quando o Eterno os mundos, Com destra poderosa, Fez, por lei imutável, se livrassem Na mole poderosa? Onde existia então? No tipo imenso Das gerações futuras; Na mente do meu Deus. Louvor a Ele Na terra e nas alturas! Oh, quanto é grande o Rei das tempestades, Do raio, e do trovão! Quão grande o Deus, que manda, em seco estio, Da tarde a viração! Por sua Providência nunca, embalde, Zumbiu mínimo inseto; Nem volveu o elefante, em campo estéril, Os olhos inquieto. Não deu ele à avezinha o grão da espiga, Que ao ceifador esquece; Do norte ao urso o Sol da primavera, Que o reanima e aquece? Não deu Ele à gazela amplos desertos, Ao cervo a amena selva, Ao flamingo os pauis, ao tigre o antro, No prado ao touro a relva? Não mandou Ele ao mundo, em luto e trevas, Consolação e luz? Acaso, em vão, algum desventurado Curvou-se aos pés da cruz? A quem não ouve Deus? Somente ao ímpio No dia da aflição, Quando pesa sobre ele, por seus crimes, Do crime a punição. Homem, ente imortal, que és tu perante A face do Senhor? És a junça do brejo, harpa quebrada Nas mãos do trovador! Olha o velho pinheiro, campeando Entre as nuvens alpinas: Quem irá derribar o rei dos bosques Do trono das colinas? Ninguém! Mas ai do abeto, se o seu dia Extremo Deus mandou! Lá correu o aquilão: fundas raízes Aos ares lhe assoprou. Soberbo, sem temor, saiu na margem Do caudaloso Nilo, O corpo monstruoso ao Sol voltando, Medonho crocodilo. De seus dentes em volta o susto habita; Vê-se a morte assentada Dentro em sua garganta, se descerra A boca afogueada: Qual duro arnês de intrépido guerreiro É seu dorso escamoso; Como os últimos ais de um moribundo Seu grito lamentoso: Fumo e fogo respira quando irado; Porém, se Deus, mandou, Qual do norte impelida a nuvem passa, Assim ele passou! Teu nome ousei cantar! — Perdoa, ó Nume; Perdoa ao teu cantor! Dignos de ti não são meus frouxos hinos, Mas são hinos de amor. Embora vis hipócritas te pintem Qual bárbaro tirano: Mentem, por dominar, com férreo cetro, O vulgo cego e insano. Quem os crê é um ímpio! Recear-te É maldizer-te, ó Deus; É o trono dos déspotas da terra Ir colocar nos céus. Eu, por mim, passarei entre os abrolhos Dos males da existência Tranqüilo, e sem terror, à sombra posto Da tua Providência.

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